A tal da felicidade

     É assim o ano inteiro, mas notei que nessa época de Natal, fim de ano e começo de outro, elas se intensificam: as mensagens que falam das fórmulas pra felicidade. Impressionante! Cada mensagem tem um segredo diferente, uma fórmula quase mágica, o jeito certo de conquistar essa sensação de êxtase...

   Mas como assim, caras pálidas? Quem disse que o meu conceito de felicidade é igual ao seu? Se a fé e os valores de cada um são diferentes, por que a forma de ser feliz seria como a receitinha pronta do bolo de arco-íris?!

      Cheguei à conclusão de que o slogan de um famoso supermercado (não farei propaganda, não!) tem realmente tudo a ver! Ele não afirma nada, não diz que lá no tal supermercado você poderá encontrar a felicidade. Mas questiona: o que faz você feliz? E cita um monte de situações que podem nos dar essa sensação tão gostosa!

      Já reparou como a mesma coisa, em momentos diferentes, nos faz felizes de formas diferentes? Pois é. Não tem fórmula, nem segredo, nem receita. Mas por que precisaria ter?

      O que faz você feliz? Hoje! O que? E amanhã, no ano que vem? O que fará você feliz? E ontem, no seu passado? O que fez e vale a pena repetir? Pensa aí, que eu tô pensando daqui. 

        Que o mundo seja feliz! Todo mundo! Cada um à sua maneira! E tomara que a tal da felicidade nos contagie e também quem está perto de nós, independente de tudo! Isso também me faria feliz...

Bilhetinho de amor eterno

     Eu era normalista e fazia estágio numa escola municipal em Laranjeiras. (Faz tempo!) Havia um aluno que era dificílimo de lidar e que até os professores tinham medo porque era irmão de traficante e usava isso pra ameaçar quem quer que fosse! Mas sabe Deus por que, o enfrentei num momento de bagunça e ele resolveu ser meu "amigo".

     Todos os dias vinha conversar comigo, me deu uma boneca de presente  no dia do professor e resolveu me tornar a sua confidente.

     Me lembro do dia em que ele chegou todo encabulado, com um papel dobrado na mão e os olhos que refletiam um quase pedido de socorro.

      - O que é isso, Marcelo? - perguntei.

     - Cris, tô apaixonado. Tô namorando. Escrevi um bilhete pra ela, mas não sei se ficou bom. Lê e vê se tá bom? Se tiver algum erro, você corrige pra mim?

     Sorri. Que fofo! O menino que todo mundo tinha medo estava inseguro! Peguei o papel e li o bilhete de amor que nunca esqueci nem nunca irei esquecer! Estava escrito, cercado de coraçõezinhos, com aqueles garranchinhos lindos dele:

I loviu você como nunca I loviei ninguém! 

     Segurei o riso! Ele olhou pra mim, suplicante:

     - Tá ruim?

     - Tá lindo! Sua namorada não vai te largar nunca mais!

     E lá foi ele, bilhete na mão, conquistar de vez a namorada. Nunca saberia que meu coração aquece um pouquinho cada vez que me lembro dessa história...

Ho! Ho! Ho! Dai-me paciência! É Natal!

     Quem diz que Natal é época de paz, amor ao próximo, perdão e regozijo nunca foi fazer compras no supermercado a menos de 5 dias da festa! Ou num shopping!

      Antes de ontem fui ao Mundial fazer compras de natal e pra casa! Se o inferno é parecido com aquilo, prometo ser boazinha de hoje em diante pra ir pro céu! Impressionante como o espírito de porco natalino assola o coração daquelas pessoas! É um tal de casal brigando, criança chorando, povo reclamando da fila, do calor, da multidão, do preço, de ter nascido... Acho que as pessoas aproveitam pra colocar pra fora o mau humor de um ano todo! Só pode! Difícil não se deixar contaminar. Vira teste pra saber sua capacidade de manter o bom humor! 

       Pedi os pães na padaria com um sorriso e um "por favor" e a senhorinha que estava atendendo me agradeceu por ser a primeira cliente sorridente do dia! 

      Anunciaram no microfone uma oferta-relâmpago de tender e passaram com o carrinho cheio de tenders do meu lado. Achei barato, peguei um e - que susto, meu Deus! - quase fui atropelada e pisoteada por um bando de velhinhos e velhinhas de respeito, quase se estapeando pelas tais bolinhas de tender! E ainda ouvi de um deles: "Hahahahaha! Viu que peguei dois? Tinha uma mulher lá que queria pegar três, mas passei na frente dela e peguei!" E a mulher do cara ainda acrescentou: "Esconde no fundo do carrinho pra ninguém pegar!" Mas hein?! O povo rouba o tender do carrinho alheio porque era da oferta??? Ho! Ho! Ho! Depois não adianta postar mensagem bonitinha de Feliz Natal e Paz na Terra lá no Face não, hein! 

      Sempre adorei Natal, mas não sei se estou ficando velha ou ranzinza,  porque venho perdendo a paciência pra esse consumismo exagerado que vai tirando o sono da gente! Que desespero bate na hora de fazer as contas do quanto se gasta pra comprar uma "lembrancinha" pra cada um. E saber que depois ainda vai ver aqueles sorrisinhos amarelos agradecendo aquelas coisinhas bobas que você gastou um dinheiro nada bobo pra comprar! Meu 13o foi suado, gente! Aí eu fico pensando: quisera eu que abraços apertados, beijos, cafunés e um papo danado de bom fossem os melhores presentes! Sonha, Cris!

        Enfim... Natal TEM que ser mais que essa confusão de fim de ano! Nasceu Jesus! Comemorar um aniversário de mais de 2000 anos tem que ter um significado muito maior do que todo esse stress! Vamos AMAR. O ano todo! 
           Feliz Natal!

Quando é o próximo fim do mundo?

     E o mundo - mais uma vez! - não acabou! Marcaram a data, criaram o cerimonial dos tsunamis, meteoros e pânico geral, nos vestimos pra ocasião, mas ele não aconteceu!

     Será? 

     Às vezes tenho a impressão de que o mundo já acabou faz tempo, mas esqueceram de nos avisar. Ou esquecemos de observar...

      Porque ver pessoas passando fome e gente insensível a isso é o fim! Crianças trabalhando enquanto deveriam brincar também. Gente dando mais importância ao ter do que ao ser idem! Saber que a (re)construção de um estádio é mais importante do que a educação, saúde e segurança de todo um povo é o apocalipse que já veio e ninguém viu!

      Sou só eu que às vezes quero pedir que parem o mundo pra descer? Só eu que tenho crise existencial achando que não pertence a isso aqui?! 

      Enfim, não vou ficar mais de blá blá blá e lamentações aqui não porque, afinal, não é isso que vai fazer esse mundo um pouco melhor. Já deve ter um próximo fim do mundo agendado por outra civilização antiga ou vidente. Até lá, vou tratar de ser feliz e tentar fazer o mesmo com as pessoas ao meu redor. Quem sabe o mundo não está esperando atitudes assim pra poder acabar em paz?

Gente do bem e gente do mal

     Existe gente do bem e gente do mal? Há alguns dias entrei nesse debate com um amigo querido e confesso que estou encafifada até agora com essa ideia.

      "Dentro de mim há dois cachorros: um bom e outro mau! Os dois estão sempre brigando. Ganha a briga aquele que eu alimento mais frequentemente!..." - diz a sabedoria dos índios americanos. Dentro de mim estão lá os dois. Eu tento alimentar o cachorro bonzinho porque acredito que ele seja mesmo melhor para mim e para o mundo. Mas vem pisar nos meus calos, vem mexer com alguém que eu amo, vem provocar quem estava quietinha! Putz! Eu solto meu cachorro mau, sem dó nem piedade! 

     Minha irmã - a mais linda das criaturas zen que eu conheço! - fica uma fera comigo quando eu digo que não tenho o coração bom, porque só desejo o bem a quem me quer bem e quero que se exploda quem me quer mal! Mas é verdade! E mais: tomo para mim o slogan de que "quando sou boa, sou ótima e quando sou má, sou melhor ainda."! Lascou-se! Fujam de mim na TPM!

    O fato é que não acho que exista gente adulta 100% boa ou 100% má. Mas realmente acho que exista gente tremendamente FDP, daquelas que, apesar de ter uma qualidade aqui e outra ali (Sim, todo mundo tem alguma qualidade!), são doidas pra prejudicar as outras, pra puxar o tapete de alguém, pra inventar e mentir sobre quem não gosta e aquele festival de atitudes que me dão um asco que Deus me livre! Conhece gente assim? Infelizmente, eu conheço. As quero bem longe de mim. Não preciso me preocupar em classificá-las para entender que não acrescentariam nada de positivo à minha vida...

      Melhor me juntar com pessoas que, no mínimo, não deixam nenhum dos cachorros morrer de fome. Questão de amor aos bichinhos. Ou da tal busca de equilíbrio!

Sino dos ventos

     Eu tenho um sino dos ventos. Na verdade, tenho uma pequena coleção. Adoro o barulhinho de cada um deles! Tenho um de metal, um de conchas, tinha um de moedinhas chinesas que quebrou e tenho um de bambus, que vive se enrolando quando venta demais.

      Às vezes me sinto como esse último! Porque de vez em quando vem a vida em forma de vento e mexe com tudo! Aí fica tudo embolado de uma forma que parece um nó geral! 

       No meu sino dos ventos, aquele que fica penduradinho ali na minha varanda, a "confusão" chega a ficar lá por dias! Não é todo dia que tenho paciência pra ir lá desembolar aqueles fios... Mas aí olho pra ele, sinto falta do barulhinho bom e vou lá. Então com paciência e carinho, percebo que não tem nenhum nó de verdade, apenas os pedaços de bambus e fios torcidos, um por cima do outro, um no lugar do outro. Por vezes, levo um tempão desembolando aquilo tudo. Vira quase um quebra-cabeças! Mas, na maioria, alguns segundos bastam para resolver aquilo que minha preguiça levou dias pra corrigir!

          Então cá estou eu, baita sino dos ventos da vida, esperando a sensação de inércia passar, que não sei bem se é preguiça a ser combatida ou  a clara impotência para mudar aquilo que minhas mãos não alcançam... Quando os tais nós desembolarem, eu volto a fazer um barulhinho bom! 

A primeira vez...

      Primeiro foram os olhares. Só olhares. E a dúvida se o olhar dele queria dizer o mesmo que eu tentava esconder no meu olhar.

      Depois foram sorrisos. No início mais tímidos, depois escancarados.

      Aí o esbarrar de corpos e mais sorrisos. E um beijo.

      Poderia ter ficado só nisso, mas não ficou. A gente queria mais. E ir além! Foi. 

      Aí aconteceu! A gente queria de novo. E de novo. E quando não podia, começou a loucura da saudade e a constatação de que não era pra ser sério, mas acabou ficando.

      Um dia eu estava com amigas. Já havia falado dele, dos momentos delicinhas, da vontade de ter mais. Aí ele ligou. Estava num churrasco com os amigos.

      - Estou bêbado! - disse ele, quase em tom de confissão.

      Eu ri. 

      - Que bom que você ligou! - saiu da minha boca quase sem querer...

      Então ele falou o que eu não esperava:

      - Eu te amo! 

      - Eu também! - foi tão automático, tão natural, tão gostoso!

      E foi um instante mágico, lindo, inesquecível!

      Pudemos dizer isso um pro outro várias vezes, olhando nos olhos, tantos momentos depois! Foi paixão, fogo, sentimento intenso, cheio de histórias! E de tudo, o momento que me lembro com mais brilho nos olhos e carinho foi aquele telefonema. Me lembra como amores sinceros podem acabar, mesmo sendo lindos! E como mesmo podendo acabar, não deixam de ter seus momentos mágicos pra gente lembrar depois, sem medo de dar aquele sorriso feliz por tê-lo vivido...

      

Adeus, Brigitte! S2

  

“Um cão nao quer um carro chique, uma casa grande, roupas caras. 
Um graveto o fará feliz. 
Nao importa se vc é rico ou pobre, inteligente ou burro, esperto ou bobo. 
Dê-lhe o seu coração e ele lhe dará o dele. 
Quantas pessoas sao assim? Quantos o fazem se sentir  raro, puro e especial? 
Quantos o fazem se sentir extraordinário?” 
(Marley e eu)

Eu me lembro bem quando a escolhi. Tinha nascido uma ninhada num canil do Rio e eu morava em Manaus. Liguei pra dona do canil e disse: quero uma fêmea clarinha e bem serelepe! A dona do canil disse que o primeiro nome dela tinha que começar com B (coisas de canis chics, com a frescurada do pedigree que meus cães nunca precisaram para que eu os amasse!). Procurei, procurei e decidi: BRIGITTE MY WISH! 

Brigitte quer dizer "quem tem o brilho do fogo". E ela chegou de avião, brilhando, trazendo alegria pra mim e pro meu filho. Era janeiro de 2005.  E aquela levada da breca me deu mil histórias pra contar. Teve 8 filhotes, nao quis cuidar direito deles. Não nasceu pra ser mãe. Nasceu pra ser serelepe! Um dos filhotes que sobreviveram era a Crystal, que ficou com a gente. 

A gente veio pro Rio 4 anos depois. Elas vieram. Nós voltamos um ano depois. Elas foram junto de novo. Voltei pro Rio no final do ano passado e minhas bonequinhas vieram junto.

Muita farra! Muito pelo! Muitas risadas! Mudei pra um apartamento  e todos nós sofremos com a falta de espaço pra elas. Sofri por ter que deixá-las num canil de um amigo veterinário até voltar a ter casa e fiquei feliz por ver que elas estavam bem.

Mas hoje... Hoje meu mundo está mais triste. Perdi a minha Brigitte! Ficou doente na semana passada. Fui até lá. E ela, sempre arisca, parecia que sabia que tinha que se despedir de mim. Sentei na escada, a chamei, ela deitou do meu lado e ficamos ali: eu fazendo cafuné e ela me lambendo o rosto de vez em quando (Não! Eu não tenho nojo disso não!)... Mas hoje... Hoje ela não resistiu mais e - como dizia a minha avozinha - resolveu virar uma estrelinha no céu...

Que os anjinhos caninos a recebam com festa! Porque ela é uma linda, uma querida, uma figurinha que vai me fazer muita, muita, muita falta!

A ela, a minha homenagem, o meu carinho eterno e a gratidão por tantos e tantos momentos de alegria! Que ela me perdoe pelos momentos que perdi a paciência com ela... Mas acho que o abanar de rabo e lambidas queriam me dizer: "Mamãe, já esqueci a bronca! Só me ama que eu também te amo!"

Hoje estou me permitindo chorar (muito) e ficar triste... Talvez amanhã ou semana que vem eu já consiga lembrar dela, sem o rosto inchado, apenas com o sorriso que ela merece...

Momentos trágicos de uma gordinha

Minhas gordices seriam cômicas se não fossem trágicas! Engordei nesse último ano, apesar de todas as promessas de passagens de ano seguidas. Nenhuma calça jeans velha tá cabendo em mim direito. Comecei trabalho novo e PRE-CI-SO de uma calça! Resolvi ir à C&A pra comprar uma baratinha.

Até aí, nada de mais, né? O drama é escolher calças tamanho GMGM (Grande Muito Grande Mesmo), tentando não abalar a auto-estima e ir pro vestiário cruzando os dedos pra alguma delas caber em você e ficar bonita!

Pois bem! Eu me resignei e encarei tudo isso, etapa por etapa! Comprar roupa quando se está acima do peso vira momento tortura! Mas o pior foi estar lá no provador, no "tira uma roupa e veste outra", e ouvir a vizinha de provador falar com a amiga:

- Fulaninha, faz um favor pra mim? Sabe onde peguei essa calça aqui? Ficou larga. É 38. Pega lá uma 36 pra mim?

Ódioooooooooooooooooooo! Tomara que coma uma empadinha quando sair da  loja e engorde 10 quilos com cada azeitona! Praguejei mesmo! 

Saí do provador com uma calça jeans e uma saia nas mãos e, pra garantir sabe Deus o que, passei na sessão de roupas pra malhar e comprei um monte de tops, calça de malhar e coletinho. 

Tô disposta a me vingar da bandida-calça-36! Só não sei até quando vai essa minha disposição...