segunda-feira, 28 de março de 2016

Meu ninho está vazio novamente


Eu sei: filhos são como navios - não foram feitos para ficarem no porto, mas para singrar os mares. Quando ele precisa, ele volta ao porto seguro, abastece-se do nosso carinho e apoio e depois volta para desbravar outros mares. Eu repito isso e realmente acredito no seu significado. Tem que ser assim mesmo!

Meu filho cresceu e está singrando os seus mares. Estava há dois meses longe de mim e veio passar o feriado comigo. Cheirei o cangote dele, fiz cafuné, fiz o macarrãozinho que ele gosta, saímos para comer no restaurante que gostamos, curti tê-lo deitado ao meu lado vendo filmes na TV, papeei, fui de madrugada ver se ele estava coberto, abracei, beijei... Enfim, fui a mãe que sou, assumidamente. 

Aí o feriado acabou. E agora ele está dentro de um avião. Meu ninho está vazio novamente.

Já bati meu papo reto com Nossa Senhora, com o anjo da guarda dele, com São Cosme e Damião... Já chorei um pouquinho. Mais um pouquinho. Rezei de novo. E agora só me resta torcer para que tudo valha a pena! Que a viagem dele valha a pena, que o tempo longe do porto valha a pena, que toda essa saudade que já estou sentindo valha a pena!... 

Até ele voltar, eu aguento firme o coração apertadinho de saudades. Choro de vez em quando escondidinho. Sorrio feliz a cada notícia boa, a cada mensagem, a cada telefonema ou conversa no Skype.

Até lá, quem me faz um cafuné e me dá um abraço? Já tô precisando...

domingo, 6 de março de 2016

Sobre mariolas e balas de tamarindo

Eu me lembro: eu era pequena, levava aquela vida normal de criança que ia à escola, fazia tarefa de casa, brincava com as irmãs e amigas, tomava banho no fim da tarde e aguardava a hora do jantar e a hora do meu pai chegar.

Meu pai trabalhava nem sei onde, mas sei que pegava trem pra voltar pra casa. Ou ônibus. Ele chegava em casa e, apesar do cansaço - que hoje, adulta, entendo tão bem! - tinha sempre o sorriso, o olhar afetuoso, o abraço apertado, o beijo carinhoso e... balas de tamarindo! Ou mariolas! 

As balas de tamarindo e mariolas eram a "prova" de que ele havia pensado na gente no caminho de casa. A prova da saudade que nós também sentíamos! E eram sempre deliciosas! É gosto de infância cheia de amor!

Cresci e tenho até hoje esse sabor comigo! Me irrito vendo pais desesperados - e, muitas vezes, endividados! - em agradar seus filhos com presentes caríssimos a qualquer tempo, viagens que elas nem se lembrarão que fizeram, aquele afã de dar a eles aquilo que, talvez, nunca tiveram! 

Mas e as balas de tamarindo? E as mariolas? Não tem?! Mensagens e telefonemas interessados em saber como você está são balas de tamarindo. Demonstrações genuínas de interesse e carinho são mariolas. Percebeu?! Não é o valor o que realmente importa. É o significado! É isso que me faz querer abraçar apertado cada pessoa importante pra mim a cada reencontro!

Não tenho nenhuma bala de tamarindo daquelas guardada no fundo de um baú. Não tenho nenhuma mariola daquelas eternizada em foto exibida em rede social. Mas tenho comigo o carinho, o olhar, a certeza de que sempre fui importante pro meu paizinho! Isso faz dele o melhor pai do mundo! Isso me faz querer ser assim pras pessoas importantes para mim.

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(Meu muito muito muito obrigada ao Leomagamon que tem uma paciência de Jó pra fazer um monte de coisinhas que eu, abusadamente, peço e que fez a arte da foto aí de cima!