sábado, 11 de janeiro de 2014

Flor roubada


Eu era uma adolescente e ele, apenas um ano mais velho que eu, era meu primeiro namorado. Era daqueles namoros inocentes, escondido dos pais, em que poder andar de mãos dadas e beijar na boca era o máximo que queríamos, além de uma pequena dose de romantismo, claro!

O bonitinho de vez em quando passava na minha escola na hora da saída e lá íamos nós, num grupão de amigos, andando pelo caminho até perto de casa, dando as mãos, risinhos e selinhos! Ai de mim se minha mãe descobrisse tamanho assanhamento! 

Sempre passávamos em frente a uma casa com muro e grades baixinhas (Naquela época não era tão perigoso como hoje!), que tinha um jardim lindo. Foi quando a turma toda observou as hortênsias. Absolutamente lindas! As meninas ficaram fascinadas com elas. Inclusive eu.

Ele segurou a minha mão e perguntou: 

- Quer uma? 

Ri e desafiei:

- Quero! 

A galera duvidou, instigou, botou pilha! Ele piscou pra mim e, nem sei explicar como foi direito, só vi ele saltando sobre a grade, arrancando uma das hortênsias com algum esforço (Desconfio que não seja tão fácil arrancar uma hortênsia do jardim, como seria com uma margarida, por exemplo.) e, quando estava pulando a grade de volta pra calçada, apareceu a dona da casa! Uma japonesinha que veio gritando feito louca pelo roubo em seu jardim! 

- Corre, gente! - nem sei quem foi que gritou! Mas todo mundo correu!

- Louco!

- Doido!

Risadas! 

Ganhei a flor! Linda! Azul clarinha. Paguei o romantismo com um beijinho!

A primeira flor que ganhei foi roubada. Quem pode me condenar por lembrar disso com carinho?