domingo, 22 de junho de 2014

Sobre as mudanças do amor

Então o amor virou rotina.
E a rotina virou descuido.
E o descuido virou carência.
A carência virou solidão a dois.
A solidão virou mágoa.
E a mágoa tornou-se desleixo.
O desleixo virou desprezo.
E o desprezo virou ódio.
O ódio virou violência. Física. Verbal.
E então aquele amor realmente chegou ao fim.

Engana-se quem acha que o fim de um amor deixa apenas o coração partido.
Não é somente o sentimento que se parte. É a alma. A auto-estima. A fé em alguns valores e dogmas.
Partem-se. Fim? 

Doença de amor só cura com outra. - Disse-me um médico certa vez.
O que ele se esqueceu de dizer é que esse novo amor - o tal que cura a doença da violência emocional sofrida - é o amor próprio.
(Clichezinho besta, mas verdadeiro.)
Ver-se sozinho e também gostar disso. Curtir a própria companhia.
Sorrir sozinho ou acompanhado é detalhe. 
E o detalhe não é estar sozinho ou acompanhado. É sorrir.
Sorrir porque o amor desmoronado não soterra mais você. E o amor próprio o leva acima disso tudo. É esse amor que nos capacita a amar além de nós.
Amar assim vale mesmo a pena! E é eterno.