terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma nova estrelinha no céu


Quando eu era bem criança, ouvia da minha avozinha que quando um bichinho morria, virava uma estrelinha no céu. E que era por isso que havia tantas estrelinhas lindas lá em cima: porque há muitos bichinhos lindos que partiram.

Minha Crystal adoeceu. Tentamos de tudo para que ela continuasse por aqui, aprontando as travessuras dela. Não deu. Há quatro dias tive que internar. Me segurei naquele fiozinho de esperança pra ela ficar boa de novo. Ia todo dia ficar do lado dela, duas vezes por dia. Fazia cafuné por mais tempo que o horário de visita permitia e pedia: "Reage, minha filha!". Ela não conseguiu. Os veterinários tentaram preparar o meu espírito para deixá-la partir, para cortar o sofrimento dela. 

Hoje não deu mais. Minha Crystal piorou. Sentia fome, mas não conseguia comer. Sentia sede, mas não conseguia beber nada. Sangrava. Estava prostrada. Serenava com o cafuné, mas não conseguia reagir. Sofri com a decisão que tive que tomar. Chorei. Chorei muito. Pedi ao veterinário para ficar ao lado dela nos últimos minutos. Fui para casa para voltar um pouco depois. 

Cheguei perto dela e ela... abanou o rabo! Mesmo prostrada, mesmo deitada, sem forças... Ela abanou o rabo para mim! Como conter meu choro? Impossível! E, entre as minhas lágrimas, disse a ela o quanto a amava e o quanto sempre a amarei por ter sido a MINHA CRYSTAL. Pedi a ela que descansasse e que, quando se libertasse, se tornasse a estrelinha mais brilhante do céu! O médico deu um sonífero a ela. Ela deitou a cabeça, no meio do meu cafuné e, mais uma vez, abanou a pontinha do rabo! Se despediu de mim. 

Então partiu...

E doeu em mim. Doeu a despedida. Doeu a impotência diante da morte, diante do que agora será apenas saudade, das lembranças de tantos abanares de rabo, de tanto carinho que recebi. Lembrei de quando ela nasceu, de como era miúda, do seu focinho rosado, de quando não pude mantê-la no meu pequeno apartamento e a deixei com um amigo... Lembrei das vezes que a trouxe para cá assim mesmo e de acordar sorrindo porque ela dormiu ao lado da minha cama... Meu coração apertou. Doeu. Ainda está doendo.

É imersa nessa dor que espero o anoitecer. Hoje irei olhar o céu. Lá em cima haverá uma estrelinha bem brilhante. 

Seja livre, minha Crystal! Obrigada por ter sido minha. A partir de hoje você também será parte do céu estrelado... Mas será sempre parte da minha vida.