Reclamamos do mundo do jeito que está, se está frio, se está calor e também reclamamos de quem reclama.
Reclamamos de quem faz piada, de quem não aceita as piadas que achamos aceitáveis e do mau humor que invadiu a humanidade.
Achamos ruim quando acham que os nossos valores estão errados, clamamos pelo respeito às diferenças, mas reclamamos dos valores diferentes dos nossos.
Reclamamos da violência que assola o mundo, mas, assim como quem não quer nada além de defender a (nossa) verdade, achamos aceitáveis as indiretas, as palavras que chegam como flechas endereçadas a quem discorda de nós.
Postamos frases bonitas de otimismo e de valorização da vida, demonstramos a nossa repulsa à falsidade, mas criticamos nas entrelinhas ou em posts acalorados as pessoas que achamos que escrevem isso da boca pra fora.
Agimos como o velho ranzinza que tem as suas próprias manias e vontades e liga o botão do "dane-se o resto do mundo", pois acha que já viveu demais e não precisa repensar atitudes porque, provavelmente, a morte está logo ali. Dureza é não perceber que a pior morte talvez não seja aquela que está lá no final da nossa vida, mas essa que nós mesmos estamos impondo aos nossos relacionamentos.