Uma afilhada minha, de apenas quinze anos, está muito doente. Meus compadres estão na luta contra um câncer há oito meses e essa doença maldita está vencendo... Se me sinto impotente diante disso e não consigo segurar as minhas lágrimas, imagino a dor cruel de minha comadre!
- O que eu posso fazer por vocês? - pergunto-lhe, tentando me manter no olho desse furacão, disfarçando esse nó na garganta, segurando as minhas lágrimas...
- Apenas rezar! - ela me diz. A voz quase sem esperança. A sensação de impotência no ar.
Desligo o telefone e choro. Muito. Peço a amigos pra rezarem por ela também. Mas confesso: como é ruim poder fazer apenas isso! Ainda mais quando todos os médicos dizem que não tem mais jeito, como se avisassem pra gente se preparar para não tê-la mais perto de nós...
Que eu não perca a minha fé. Nem a minha esperança. Nem a crença de que tudo isso precisa fazer algum sentido e tem que ter algum propósito que, talvez, eu não compreenda tão cedo. Que eu não caia no erro de amaldiçoar a vida em função desse sofrimento todo! E que a dor não me impeça de agradecer os sorrisos, as vitórias, os momentos deliciosos que nos foram dados como presentes!
E que eu possa manter a serenidade, apesar de toda essa dor que estou sentindo! Preciso dela para ajudar as pessoas que amo e para conseguir rezar... Mesmo com a minha fé querendo fugir de mim.