terça-feira, 3 de outubro de 2017

Eu não nasci de óculos, mas já paguei mico por causa deles

         
          Eu uso óculos desde os meus sete anos de idade. Ou seja, tenho poucas lembranças da parte da minha vida em que eu não usava óculos e me lembro de muitas histórias ligadas a esse objeto.
            Certa vez, quando eu tinha mais ou menos uns dez a doze anos, eu tinha que estudar alguma coisa da escola e – lógico! – precisava dos meus óculos para isso. Mas cadê? Não me lembrava onde eu os havia guardado.
            Procura daqui, procura dali, na sala, no meu quarto, no quarto dos meus pais, no quarto da minha irmã mais velha, na cozinha... Comecei a fazer cara de choro, expressão de desespero! Precisava de ajuda para achar meus óculos! Achei que, como enxergo bem menos sem eles, talvez tivesse passado por eles em algum cômodo da casa, mas não tivesse conseguido enxergá-los.
            ─ Mãe, você viu os meus óculos por aí? Irmã? Irmão? Por favoooooor, me ajudem! – Eu implorava com voz de choro! – Eu preciso dos meus óculos para estudar!
            Todo mundo ficou compadecido do meu desespero e toca de todo mundo me ajudar! Procuraram em cima dos móveis, embaixo dos móveis, atrás dos móveis... Procuraram dentro dos armários, dentro da mochila da escola, na varanda, no quintal... Minha irmã até sugeriu procurarem dentro da casinha da cachorra, já que era um dos únicos lugares em que ninguém foi procurar!
            Minha avó, bem velhinha, acabou acordando de um cochilo com aquela movimentação toda e resolveu entender o que estava acontecendo.
            ─ Vocês estão procurando o quê?
            ─ Meus óculos, vó! Preciso dos meus óculos para estudar e não estamos achando em nenhum lugar! A senhora viu por aí?
            ─ Seus óculos?! – Notei que ela disfarçou um sorrisinho. – Mas não são esses que estão bem na sua cara?!
            Tateei o meu rosto. Todo mundo olhou pra mim. Eu estava usando os óculos!! Estavam comigo o tempo todo! Minha mãe e meus irmãos quiseram brigar comigo pela trabalheira que dei a eles, mas minha avó me defendeu:
            ─ Estão brigando com ela por quê? Todo mundo olhou pra ela e ninguém viu também!

            A gente acabou rindo e eu fui estudar. Minha família, por muito tempo, usou essa história real para implicar comigo! Hoje em dia, o primeiro lugar onde procuro os meus óculos é no meu próprio rosto... Quem conhece a história, entende por quê.


segunda-feira, 28 de março de 2016

Meu ninho está vazio novamente


Eu sei: filhos são como navios - não foram feitos para ficarem no porto, mas para singrar os mares. Quando ele precisa, ele volta ao porto seguro, abastece-se do nosso carinho e apoio e depois volta para desbravar outros mares. Eu repito isso e realmente acredito no seu significado. Tem que ser assim mesmo!

Meu filho cresceu e está singrando os seus mares. Estava há dois meses longe de mim e veio passar o feriado comigo. Cheirei o cangote dele, fiz cafuné, fiz o macarrãozinho que ele gosta, saímos para comer no restaurante que gostamos, curti tê-lo deitado ao meu lado vendo filmes na TV, papeei, fui de madrugada ver se ele estava coberto, abracei, beijei... Enfim, fui a mãe que sou, assumidamente. 

Aí o feriado acabou. E agora ele está dentro de um avião. Meu ninho está vazio novamente.

Já bati meu papo reto com Nossa Senhora, com o anjo da guarda dele, com São Cosme e Damião... Já chorei um pouquinho. Mais um pouquinho. Rezei de novo. E agora só me resta torcer para que tudo valha a pena! Que a viagem dele valha a pena, que o tempo longe do porto valha a pena, que toda essa saudade que já estou sentindo valha a pena!... 

Até ele voltar, eu aguento firme o coração apertadinho de saudades. Choro de vez em quando escondidinho. Sorrio feliz a cada notícia boa, a cada mensagem, a cada telefonema ou conversa no Skype.

Até lá, quem me faz um cafuné e me dá um abraço? Já tô precisando...

domingo, 6 de março de 2016

Sobre mariolas e balas de tamarindo

Eu me lembro: eu era pequena, levava aquela vida normal de criança que ia à escola, fazia tarefa de casa, brincava com as irmãs e amigas, tomava banho no fim da tarde e aguardava a hora do jantar e a hora do meu pai chegar.

Meu pai trabalhava nem sei onde, mas sei que pegava trem pra voltar pra casa. Ou ônibus. Ele chegava em casa e, apesar do cansaço - que hoje, adulta, entendo tão bem! - tinha sempre o sorriso, o olhar afetuoso, o abraço apertado, o beijo carinhoso e... balas de tamarindo! Ou mariolas! 

As balas de tamarindo e mariolas eram a "prova" de que ele havia pensado na gente no caminho de casa. A prova da saudade que nós também sentíamos! E eram sempre deliciosas! É gosto de infância cheia de amor!

Cresci e tenho até hoje esse sabor comigo! Me irrito vendo pais desesperados - e, muitas vezes, endividados! - em agradar seus filhos com presentes caríssimos a qualquer tempo, viagens que elas nem se lembrarão que fizeram, aquele afã de dar a eles aquilo que, talvez, nunca tiveram! 

Mas e as balas de tamarindo? E as mariolas? Não tem?! Mensagens e telefonemas interessados em saber como você está são balas de tamarindo. Demonstrações genuínas de interesse e carinho são mariolas. Percebeu?! Não é o valor o que realmente importa. É o significado! É isso que me faz querer abraçar apertado cada pessoa importante pra mim a cada reencontro!

Não tenho nenhuma bala de tamarindo daquelas guardada no fundo de um baú. Não tenho nenhuma mariola daquelas eternizada em foto exibida em rede social. Mas tenho comigo o carinho, o olhar, a certeza de que sempre fui importante pro meu paizinho! Isso faz dele o melhor pai do mundo! Isso me faz querer ser assim pras pessoas importantes para mim.

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(Meu muito muito muito obrigada ao Leomagamon que tem uma paciência de Jó pra fazer um monte de coisinhas que eu, abusadamente, peço e que fez a arte da foto aí de cima!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma nova estrelinha no céu


Quando eu era bem criança, ouvia da minha avozinha que quando um bichinho morria, virava uma estrelinha no céu. E que era por isso que havia tantas estrelinhas lindas lá em cima: porque há muitos bichinhos lindos que partiram.

Minha Crystal adoeceu. Tentamos de tudo para que ela continuasse por aqui, aprontando as travessuras dela. Não deu. Há quatro dias tive que internar. Me segurei naquele fiozinho de esperança pra ela ficar boa de novo. Ia todo dia ficar do lado dela, duas vezes por dia. Fazia cafuné por mais tempo que o horário de visita permitia e pedia: "Reage, minha filha!". Ela não conseguiu. Os veterinários tentaram preparar o meu espírito para deixá-la partir, para cortar o sofrimento dela. 

Hoje não deu mais. Minha Crystal piorou. Sentia fome, mas não conseguia comer. Sentia sede, mas não conseguia beber nada. Sangrava. Estava prostrada. Serenava com o cafuné, mas não conseguia reagir. Sofri com a decisão que tive que tomar. Chorei. Chorei muito. Pedi ao veterinário para ficar ao lado dela nos últimos minutos. Fui para casa para voltar um pouco depois. 

Cheguei perto dela e ela... abanou o rabo! Mesmo prostrada, mesmo deitada, sem forças... Ela abanou o rabo para mim! Como conter meu choro? Impossível! E, entre as minhas lágrimas, disse a ela o quanto a amava e o quanto sempre a amarei por ter sido a MINHA CRYSTAL. Pedi a ela que descansasse e que, quando se libertasse, se tornasse a estrelinha mais brilhante do céu! O médico deu um sonífero a ela. Ela deitou a cabeça, no meio do meu cafuné e, mais uma vez, abanou a pontinha do rabo! Se despediu de mim. 

Então partiu...

E doeu em mim. Doeu a despedida. Doeu a impotência diante da morte, diante do que agora será apenas saudade, das lembranças de tantos abanares de rabo, de tanto carinho que recebi. Lembrei de quando ela nasceu, de como era miúda, do seu focinho rosado, de quando não pude mantê-la no meu pequeno apartamento e a deixei com um amigo... Lembrei das vezes que a trouxe para cá assim mesmo e de acordar sorrindo porque ela dormiu ao lado da minha cama... Meu coração apertou. Doeu. Ainda está doendo.

É imersa nessa dor que espero o anoitecer. Hoje irei olhar o céu. Lá em cima haverá uma estrelinha bem brilhante. 

Seja livre, minha Crystal! Obrigada por ter sido minha. A partir de hoje você também será parte do céu estrelado... Mas será sempre parte da minha vida. 







domingo, 15 de novembro de 2015

Fio de esperança




O tal fio de esperança tem em uma de suas pontas o medo e na outra ponta a fé. 
E a gente fica bem ali em cima, tal qual equilibrista, se apoiando nele, sem guarda-chuvinha pra ajudar na caminhada...

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Todo flamenguista é doido!

Meu filho hoje saiu puto da escola. O professor de Física - vascaíno - resolveu ensinar um truque pra turma aprender que

Trabalho =  Força x Deslocamento.

Pra galera gravar a fórmula, lançou a frase:

Todo Flamenguista é Doido!

E meu filho realmente endoidou. Sentiu ódio da gracinha sem graça! Chegou no carro e disse:
- Meu professor de Física é um babaca!
Eu ri. Ele é mesmo. Mas fiquei pensando no que responderia se ele tivesse dado essa "fórmula" pra mim:

Todo Flamenguista é Doido pelo Mengão!
Mas como não ser?
Como não endoidar com uma paixão?
Todo Flamenguista é Doido porque quando vê o time jogar, vê muito mais que 11 jogadores em campo: ele se vê no campo. Ele joga junto. Ele vibra, estimula, xinga, comemora , grita , ele faz parte daquilo tudo. E é feliz por isso! E se não puder ser assim, ele entristece, se deprime, fica puto! Paixões despertam sentimentos antagônicos também.

Todo Flamenguista é Doido! E só quem nao é flamenguista acha que isso é um defeito e morre de inveja, de despeito, de raiva, de sentimento de inferioridade... Coitados!

Temos orgulho do que somos. Essa loucura é boa, é gostosa de ser compartilhada entre os 35 milhões de flamenguistas. E uma loucura de 35 milhões nem é tão loucura assim! É amor coletivo! E o mundo é mais bonito por isso!

(Texto postado inicialmente em 22 de outubro de 2010 no blog FLAgrantes da Nação.)


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Duas castanhas do Pará


     
Quer que uma dieta dê certo? Vá a uma nutricionista e peça um cardápio personalizado, de acordo com as suas necessidades e estilo de vida que leva! - Já ouviu esse conselho? Eu já!

Aí você chega lá, ouve aquele papo de reeducação alimentar e que vai ter seis - eu disse SEIS!!! - refeições por dia! Uau! Se ilude, tolinha! Analisa o cardápio de seis refeições aí!

Café da manhã - MEIO copo de café com leite + Meio pão de forma integral com geleia diet
Meio copo, gente! Você dá dois goles e... acabou? Faz o que? Bebe água à vontade? Meio pão! Metadezinha! Não dá nem pra perceber que você mastigou alguma coisa! Mas você quer muito emagrecer! Vai aguentar firme porque, afinal de contas, ela deve saber o que está mandando você fazer.
A barriga vai com aquela sensação de vazio pro trabalho, mas no meio da manhã tem um lanchinho! 

Lanche da manhã - uma barra de cereais
Aí você está com tanta fome, que devora aquela porcaria, achando que deve ser melhor do que aquelas horrorosas que as companhias aéreas oferecem pra os passageiros guardarem na bolsa e depois jogarem fora porque nem os cachorros de rua querem!
Fome... Fome... Tomara que chegue logo o...

Almoço - Meio prato de sobremesa de alface, meia batata cozida, um tomate cereja e meio filé de frango grelhado. Sobremesa: um copinho de gelatina diet.
Por acaso esses nutricionistas acham que eu sou metade de que pra me passarem metade de tudo?! Minha fome está inteira, minha senhora!
Mas aí você respira fundo, pensa na imagem do espelho, nas roupas que não cabem mais, nos números cruéis da balança e, resignada, come aquilo bem devagarinho pra ver se o organismo se engana e acha que recebeu um banquete. Ah! E ainda fica feliz porque tem sobremesa!
Fome... Fome... Bebe água! Mais água! O vazio no estômago vira quase vazio existencial! Mas temos seis refeições no dia! Aguenta firme que já vem outra. Vamos então ao...

Lanche da tarde - DUAS CASTANHAS DO PARÁ!!!!!
Como é que é?!!! Eu estou aqui quase desmaiando do alto da minha fome e do meu mau humor e a criatura acha mesmo que a porcaria da "semente oleoginosa cheia de substâncias do bem" vai me sustentar até o jantar? Isso é pegadinha?!  É pra testar se meu bom humor acaba?! Pois acaba, minha senhora! Eu quero uma coxinha! Uma, não! DUAS! INTEIRAS! Quer que eu diga o que você vai fazer com essas duas castanhas?!!! 
Nhac! Nhac! Vou comer a terceira! Você não manda em mim! Três é demais? Isso não vale para castanhas do Pará! Consciência pesada e continuo com fome.Tem castanha de coxinha?! O que vai ter no jantar? Continuo com fome!

Jantar: Meio prato de sopa de legumes
... 
Sem forças. Sem sorriso. Maldita nutricionista! Criatura abominável!

Ceia: Uma xícara de chá de camomila com adoçante
...
Vou lá na balança. Emagreci? Se lasca, nutricionista dos infernos! Confessa: você já foi trocada por uma gordinha simpática e gostosa e quis se vingar em mim, né? 

Amanhã eu volto pro shake. Volto pras dietas doidas que não dão certo. Volto a comer coxinha uma vez por semana! Só não volto no seu consultório! E dá o dinheiro da consulta de volta! 

Quero emagrecer. Amanhã vou num médico que me dê um remédio que funcione. Ou que me faça esquecer!



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Coisas que toda gordinha já ouviu por aí



Da amiga atenta: Fui num endócrino/nutricionista ótimo! Quer o telefone dele? 
Do endócrino: É muito simples: ginástica e dieta com grelhados todo dia! 
Do namorado/marido: Se você emagrecer, não vai perder essa bunda, não, né?
De outra amiga que não sabe metade dos seus problemas: Mas por que vc engordou tanto, hein?
Do desconhecido grosseiro que acha que está te elogiando: Mas vc tem o rosto tão bonito! 
Da vendedora da loja de roupas: Nossa confecção é pequena e só vai até o G!
Do vendedor de Herbalife com cara chupada: Quer emagrecer? Pergunte-me como! 
Do parente sincero: Você vai ficar igual à sua tia! 
Da costureira: Não dá pra alargar a roupa, não!
De outra gordinha: Bora comer uma pizza?
Da amiga insensível: Eu como e não engordo! 
Do leitor de livros de auto-ajuda: É só uma questão de força de vontade e disciplina!
De qualquer pessoa que vá comer com vc: (Analisando a sua comida.) Mas e a sua dieta, hein?
De alguém que vc não vê há um tempão, antes de falar de saudade: Nossa! Como vc engordou! O que aconteceu?!
Da pessoa com síndrome de Pequeno Príncipe: Mas por dentro vc é linda! (Tem gente que vê bem com o coração!)
De um colega te descrevendo pra outra pessoa: Ela é aquela menina forte! (Forte é quem tem força, carai!)
Do espelho: Sua gorda!


domingo, 29 de junho de 2014

No que você é melhor que os outros?


No que você é melhor que os outros?
Sem falsa modéstia, sem falsa humildade. 
Todos têm uma habilidade maior, um conhecimento maior, um talento maior em alguma coisa. Qual o seu? Ou quais os seus?
Agora a pergunta que não quero calar: você precisa mostrar isso o tempo todo? Se sim, por quê?
Se há a necessidade de provar isso o tempo todo, há alguma coisa errada aí. Se pra provar isso, as pessoas ainda precisam ser agressivas, o problema é maior ainda! Ego deficiente? Auto-estima.baixa? A ausência de gentileza deve ser algum tipo de doença.
E ainda acho que, hoje em dia, em tempos que quase todas as opiniões são colocadas em redes sociais, vivemos essa doença coletiva!
Se a opinião é polêmica, a gente vê logo um palavrão pra quem discorda ou aquele aviso ameaçador: essa é a MINHA opinião! Nas entrelinhas esse aviso quer dizer: "Não me interessa a sua opinião! Quero respeito, mesmo não respeitando você!"
Debater, em alto nível, está cada vez mais difícil. Que pena!
Como não me lembrar dos treinamentos que eu ministrava em que eu alertava os participantes nas horas dos debates: não é O QUE você diz, mas COMO você diz. Mas como lembrar isso a quem simplesmente acha que pode cuspir as suas opiniões sem se preocupar com o que o outro sente ou percebe? 
Voltando à pergunta lá do início: no que você é melhor que os outros?
Se for em empatia e gentileza, faça o favor de me adicionar nas redes sociais. Adoro me cercar de gente assim! 


domingo, 22 de junho de 2014

Sobre as mudanças do amor

Então o amor virou rotina.
E a rotina virou descuido.
E o descuido virou carência.
A carência virou solidão a dois.
A solidão virou mágoa.
E a mágoa tornou-se desleixo.
O desleixo virou desprezo.
E o desprezo virou ódio.
O ódio virou violência. Física. Verbal.
E então aquele amor realmente chegou ao fim.

Engana-se quem acha que o fim de um amor deixa apenas o coração partido.
Não é somente o sentimento que se parte. É a alma. A auto-estima. A fé em alguns valores e dogmas.
Partem-se. Fim? 

Doença de amor só cura com outra. - Disse-me um médico certa vez.
O que ele se esqueceu de dizer é que esse novo amor - o tal que cura a doença da violência emocional sofrida - é o amor próprio.
(Clichezinho besta, mas verdadeiro.)
Ver-se sozinho e também gostar disso. Curtir a própria companhia.
Sorrir sozinho ou acompanhado é detalhe. 
E o detalhe não é estar sozinho ou acompanhado. É sorrir.
Sorrir porque o amor desmoronado não soterra mais você. E o amor próprio o leva acima disso tudo. É esse amor que nos capacita a amar além de nós.
Amar assim vale mesmo a pena! E é eterno.


sábado, 7 de junho de 2014

Filmes repetidos? Adoro!


Há filmes que gosto tanto, que vejo várias vezes e adoro! Fico esperando algumas cenas preferidas, vibrando com outras, me espocando de rir com outras que já vi dezenas de vezes, me surpreendendo com partes que deixei passar nas primeiras (vinte) vezes que eu vi... 

Vejo pela enésima vez e me emociono tudo de novo. Quantas vezes eu vir Marley e Eu, tantas vezes irei me debulhar em lágrimas. Idem quando vejo Sempre ao seu lado. Os olhos enchem d'água quando vejo Nemo indo feliz pra escola e dizendo ao pai que o ama. E quando o menino, já adulto, de Toy Story 3 se despede dos seus brinquedos? Caem todos os ciscos do mundo nos meus olhos! Boba assumida!

Mas pior mesmo é ver alguns filmes e ficar intimamente (e retardadamente) torcendo pro final mudar! Torço pro Jack não morrer em Titanic. Torço pro Berger nao entrar no avião que vai pro Vietnam em Hair. E o coração aperta quando Rose solta a mão de Jack. Aperta mais ainda quando o grupo de hippies canta no cemitério lotado de soldados perdidos na guerra, junto ao túmulo do Berger. E em todas as vezes, eu penso: a guerra é mesmo uma merda! Sempre!


domingo, 26 de janeiro de 2014

O meu estranho apego aos personagens


Eu me apego a alguns objetos, mas não devia. Me apego a pessoas e já não tento mudar isso em mim. E me apego a livros e personagens.

Há livros que me envolvem tanto que prefiro ir lendo devagarinho. A história vai me seduzindo, me conquistando. Vou degustando cada pedacinho, sorvendo os momentos, apreciando cada palavra... Vou lendo os capítulos e cada cena se faz sozinha na minha imaginação. Paro de ler um pouquinho e fico pensando na história, fico com a cena na cabeça. O filme se criou em mim. 

Dou risadas, vibro, me emociono, choro... Me apego aos personagens e os amo, os odeio, os admiro, juro amor eterno aos meus prediletos!

Em alguns livros isso é tão forte que entro num esquisito dilema: quero terminar logo a leitura para saber qual é o final, mas fico triste porque não quero largar aqueles personagens. 

E, quando termino, sofro de ressaca literária. Adoro ler, mas, se não há um outro livro que continue aquela história, não consigo partir pra outra imediatamente. Tenho que ler, em seguida, algum livro sem história, sem personagens, dar um tempo pro meu coração desapegar ou lidar com a distância e se preparar para novos apegos.



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Gente por aí, na minha vida


Tem gente que eu gostaria de simplesmente não ter conhecido. Tem gente que eu gostaria que as pessoas que eu amo não tivessem conhecido também. Já sentiu isso? 

Mas tem gente que nós conhecemos e pensamos: onde andava você esse tempo todo, que eu ainda não conhecia?! 

Já parou pra pensar que bobagem isso que nós pensamos ou dizemos? Porque lá atrás, no nosso caminho, nós não éramos exatamente o que somos agora. Idem aquela pessoa! Alguns reencontros são bons justamente por isso. Porque tem gente que muda pra melhor! E damos a sorte de cruzarmos - ou reencontrarmos! - com essas pessoas no momento afim das evoluções.

Adoro isso! Descobrir pessoas com afinidades, cheias de pensamentos e valores parecidos o suficiente para gerar conversas maravilhosas e diferentes o bastante para as conversas não caírem na monotonia. 

A vida não fica com um sabor especial com essas pessoas? Aquelas que nos fazem rir, que nos emocionam, nos fazem refletir e, às vezes, até mudar de opinião e mudar mais um pouquinho, pra logo ali, mais adiante, encontrar mais gente especial em algum ponto de evolução parecido com o nosso...

É assim que vamos colhendo gente especial pro nosso álbum da vida. Aqueles que, em algum ponto do nosso tempo, percebemos que podemos chamar de amigos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Blergh! Doce de jaca!


Eu odeio jaca. ODEIO! Não me interessa se é jaca mole ou jaca dura. Simplesmente odeio. Não suporto nem o cheiro!

Pois bem. Quando eu tinha 16 anos e estava pra me formar no Magistério, namorei um carinha que estava pra se formar na faculdade. O bonitinho me pediu pra ir com ele entregar um convite da sua formatura na casa da tia dele e depois sairíamos. Fui. Fui porque nunca imaginei que isso pudesse representar uma das maiores torturas que sofri na minha vida! Pode parecer exagero - e é! -, mas foi!

Chegamos na casa da tia dele e... surpresa! A criatura era a diretora do colégio onde eu estudava. E me reconheceu na hora! "Mundinho pequeno!" - qualquer um diria! "Droga de mundinho pequeno!" - foi o que eu pensei, na verdade.

Entramos no apartamento dela. E eu sem graçaaaa! Doida de vontade de ir embora, ir pro cinema, pra um barzinho... Qualquer lugar era melhor que a casa da minha diretora, que nos recebeu na sala e nos levou para a copa.

Aí aconteceu! Ela pegou dois pratinhos, abriu um pote com um doce gosmento e com aquele cheiro inconfundível, colocou um pouco em cada pratinho e disse:

- Fiz esse doce de jaca! Comam um pouquinho!

Olhei o prato. Olhei de novo. Prendi a respiração e me lembrei de todas as regras de educação que meus pais - não sei se felizmente ou infelizmente! - me ensinaram. Eu não tinha como recusar. Não devia dizer que o-dei-ooo jaca, então NÃO, OBRIGADA! Só havia uma solução: comer aquela porcaria! 

Então, respirei fundo e comi. Comi rápido. Enchi a porcaria do garfo e comi sem mastigar. Engoli em umas três garfadas pra não sentir o gosto e não vomitar. Tenham orgulho de mim, pai e mãe! Comi doce de jaca e não passei vergonha como visita! Sou um exemplo de menina!

Aí a criatura abominável olhou meu prato vazio, ficou feliz da vida porque comi tudo e soltou:

- Mas já?! - E foi enchendo o meu prato de novo com mais doce de gosma! - Come mais um pouquinho!

E foi naquele dia que compreendi, antecipadamente, como se sentiam os participantes do No Limite quando tinham que comer olho de cabra pra passarem pra próxima fase...

Só conto duas coisas. Um: não comi o doce todo do segundo prato. Pedi um copo d'água e disse que estava de dieta. Dois: o namoro não durou muito tempo. Mas que tipo de namoro é esse que a lembrança maior é o maldito dia em que se é obrigado a comer doce de jaca?! Não valia à pena, né?


sábado, 11 de janeiro de 2014

Aí o relacionamento vira abóbora


A pior parte de um relacionamento - qualquer relacionamento! - não é o fim em si. É o desencantamento! A consciência de que tudo mudou e não foi pra melhor.

Aquela fase em que você não entende bem o que aconteceu, por que aconteceu, qual a sua parte de culpa...

Estava tudo lindo, tudo interessante, tudo frisson e, de repente, você se dá conta de que isso não existe mais. Quando foi que o encanto se perdeu? Quando foi que a vontade de estar perto, de conversar, de dividir o que há de melhor em cada um acabou? Onde foram parar os sonhos e planos que foram imaginados juntos?

Sabe aquela parte em que a carruagem da Cinderela volta a ser abóbora e seu belíssimo vestido de baile vira um farrapo só? É por aí.

Às vezes sobra um sapatinho de cristal sem par pra lembrar da parte boa da história. Às vezes nem isso. Só não vale enlouquecer procurando todas as respostas. Vale, sim, passar numa loja bacana pra comprar uma roupa nova. Os farrapos que sobraram não servem nem pra fazer a faxina mental e emocional necessária.